Falta de juiz presente deve deixar na gaveta o processo contra o Bispo Edir Macedo por lavagem de dinheiro de dízimos
Se depender do novo modelo de designação de juízes para a 2ª Vara
Criminal Federal em São Paulo, a denúncia contra o bispo Edir Macedo e a
cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus vai mofar na gaveta. A 2ª
Vara vive etapa de instabilidade, sem juiz permanente em seus quadros.
No
início do mês, o magistrado Márcio Ferro Catapani, o substituto que
praticamente sozinho cuidava de todas as demandas, viajou para a Itália,
em licença autorizada. A partir daí, a presidência do Tribunal Regional
Federal da 3ª Região (TRF3) adotou o sistema do “juiz de passagem” – o
magistrado não esquenta a cadeira porque nela não fica mais que dois
dias, o que torna inviável dar conta de uma demanda como a da Universal.
Estratégica, porque sua competência alcança exclusivamente ações sobre
crimes financeiros, lavagem de capitais e evasão de divisas, a 2ª Vara
se tornou responsável pela ação contra Macedo e seus aliados há 15 dias.
A escolha obedeceu a sorteio eletrônico.
Rotatividade – Mas, na última semana, a 2ª Vara experimentou um rodízio
frenético. Pelo menos quatro juízes passaram por lá, média de um por dia
útil. Nenhum deles teve condições materiais nem tempo para se debruçar
sobre a montanha de papéis que acompanham a denúncia de 28 páginas do
Ministério Público Federal contra os dirigentes da igreja.
Nos termos do artigo 6º, inciso 17, do Regimento Interno do Conselho da
Justiça Federal da 3ª Região, cabe ao presidente do colegiado, que é
também o presidente do tribunal, designar juízes substitutos para
auxiliar o juiz titular, bem como estabelecer sistema de substituição.
O desembargador Roberto Haddad é o presidente da corte. Sua assessoria
informou que na sexta-feira que ele estava em Mato Grosso do Sul,
inaugurando a 2ª Vara de Ponta Porã. Na quinta, foi à posse da
desembargadora Diva Malerbi.
“Uma coisa grave é que tive de pedir vista da denúncia, mas nem isso me
deram, sob argumento de que o juiz estava de passagem”, reclama o
criminalista Antônio Sérgio de Moraes Pitombo, que defende a Universal.
“Peticionei ao MPF para que forneçam cópia da denúncia, que não tenho
até agora. A situação da 2ª Vara reforça minha opinião de que varas de
lavagem são um grande equívoco. Uma ideia que parecia boa e não deu
certo. Experiências péssimas. São varas que enlouquecem os juízes.
Quando o juiz não é bom, ele exacerba no poder.”
Fonte: Veja
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